A canção “Paralelas”, lançada por Vanusa, é um marco da música popular brasileira e uma obra de sensibilidade poética inigualável. Composta pelo icônico Belchior, a música ganhou vida na voz marcante de Vanusa em 1975, em seu álbum homônimo.

Trata-se de uma das interpretações mais emocionantes de sua carreira, consolidando-a como uma das grandes vozes femininas do Brasil na época.

“Paralelas” é uma narrativa melancólica e ao mesmo tempo poderosa, que explora os temas da solidão, do cotidiano e do contraste entre a vida interior e exterior.

A letra, típica da poesia confessional de Belchior, pinta um retrato sincero do personagem central, seguindo em um carro em movimento, refletindo sobre sua existência e os caminhos que a vida o levou.

O título sugere metáforas de trajetórias que se cruzam sem nunca realmente se encontrarem, reforçando a sensação de desencontro e angústia.

A riqueza lírica de versos como “No Corcovado, quem abre os braços sou eu” e “No apartamento, oitavo andar, abro a vidraça e grito, quando o carro passa: teu infinito sou eu” transmite a essência de um indivíduo que, embora conectado ao mundo, sente-se desamparado e perdido.

É uma música que captura a alma da solidão urbana e a fragmentação do espírito humano em meio às demandas do dia a dia.

Vanusa trouxe uma interpretação visceral e carregada de emoção, potencializando a profundidade da composição.

Sua voz, com timbres fortes e ao mesmo tempo delicados, combina perfeitamente com a melodia simples e melancólica que acompanha a letra.

O arranjo musical, pautado por violões suaves e uma linha de piano marcante, permite que a interpretação vocal seja o centro das atenções, criando uma experiência imersiva para o ouvinte.

Além disso, Vanusa conferiu à música uma autenticidade única, refletindo sua própria identidade artística.

Sua performance em “Paralelas” transcendeu o registro fonográfico, marcando presença em apresentações ao vivo que emocionaram plateias em todo o país.

“Paralelas” se tornou um clássico instantâneo, reconhecida como uma das grandes canções da década de 1970.

A parceria de Vanusa com compositores como Belchior é um testemunho do vigor criativo da música brasileira da época, que combinava poesia, experimentação sonora e uma conexão profunda com as inquietações sociais e existenciais.

A canção também marcou uma virada na carreira de Vanusa, que vinha de uma trajetória ligada à Jovem Guarda.

Com “Paralelas”, ela se consolidou como uma intérprete madura, capaz de transitar entre estilos e emocionar com sua entrega artística.

Hoje, “Paralelas” continua sendo um símbolo de uma época em que a música brasileira desafiava barreiras e tocava fundo na alma dos ouvintes.

A gravação de Vanusa permanece uma referência, destacando-se como um exemplo da potência da música como forma de expressão e conexão humana.

Essa obra-prima é uma lembrança perene do talento de Wanusa e Belchior, duas figuras que, em suas trajetórias paralelas, deixaram marcas inapagáveis na história da cultura brasileira.

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